Frágeis Flores

Não chorou; sua alma era das que não têm lágrimas, enquanto lhe restam forças.

XIX

Ao caminhar pelo Parque Tenente Siqueira Campos (Trianon), um pedaço da mata atlântica encravado em uma das mais movimentadas avenidas de São Paulo, é difícil não pensar no passado, suas árvores e caminhos evocam tempos antigos onde os grandes prédios que o cercam não passavam de um sonho distante no futuro.

Sentado em um banco, deixo minha mente vagar e aos poucos um pouco desse passado começa a se tornar visível. Pessoas, com suas roupas antigas caminham pelo parque misturadas as pessoas do presente que não conseguem vê-las.

Passado e o presente caminham lado a lado no entanto sem terem consciência um do outro. Antigo se mistura com o novo e eu que caminho entre os dois mundos logo não sei mais quando estou. Minhas roupas já não são mais o comum jeans e camiseta, mas um elegante terno da época, passo em meio às pessoas, as do passado agora muito mais vivas do que as do presente, que ainda não conseguem me ver.

O parque de volta ao explendor da inauguração, deslumbrante a cada olhar. Faço milhões de mesuras que passam desapercebidas aos cavalheiros e damas ao meu redor, isso me deixa triste, mas não o bastante para me impedir de prosseguir.

Sigo pelos caminhos me embrenhando cada vez mais no parque até que a vejo, linda em seu vestido branco todo rendado, segurando em suas mãos calçadas com delicadas luvas de cetim uma linda sombrinha. Chego mais perto para ver seu rosto e ela sorri, não apenas sorri, mas sorri para mim. O fato dela ser capaz de me ver é ofuscado por seu belo sorriso, seus dentes pequenos e perfeitos como pérolas, seus olhos cor de avelã e sua pele que brilha ao sol me encanta.

Antes que eu perceba ela foge pelos caminhos do parque, a sigo sem a alcançar ou a perder de vista. Finalmente ela para e eu me aproximo, hesitante com medo de que algum movimento brusco faça ela fugir novamente, mas não ela apenas fica parada ali, sorrindo.

Quando finalmente ficamos cara a cara ela me estende uma mão, que pego cuidadosamente entre as minhas plantando nela um beijo delicado, ao levantar meu rosto, acordo, adormeci sentado no banco e sonhei com o passado. Pudera sonhos como esse serem mais frequentes.

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