Frágeis Flores

Não chorou; sua alma era das que não têm lágrimas, enquanto lhe restam forças.

XVIII

A solidão ronda a toca da raposa.

Nesses momentos onde não importa quantos amigos tenha ou quantas pessoas conheça é impossível não se sentir sozinho.

A paz que a solidão geralmente trás se transforma na angústia da espera por aquela pessoa que um fim dará nisso.

Algo nunca muda; A solidão sempre dói mais quando se sabe que seu fim existe, mas longe... Muito longe. Não há o que se possa fazer além de esperar, não dependemos apenas de nós para sermos felizes e esse foi o grande erro do Criador.

Que as corridas pelos campos não sejam mais solitárias, esse é meu desejo.

XVII

Estou cansado de correr sozinho pelos campos, por mais belos que eles sejam é difícil apreciar essa beleza quando se está sozinho.

Encontrar a compreensão em olhos que não sejam os do seu reflexo no espelho é indescritível. Eu quero acreditar na pessoa que demonstra no olhar me compreender tão bem, quero acreditar com tanta força quanto tenho medo que que tudo não passe de um engano e que eu acabe decepcionado e sofrendo, denovo.

Ainda assim me recuso a abandonar as esperanças, coração tolo, nunca aprende não é?

Enquanto a certeza não vem, os sonhos vêm trazendo a visão de uma corrida pelo belo campo verdejante, a diferença; dessa vez a raposa não está sozinha.

Ut vicis addo verum, que o tempo traga a verdade.

XVI

Menininha que chegou de repente na minha vida e agora me faz esperar ansiosamente por nossos encontros.

Menininha me me encanta com seu sorriso sincero e alegria cativante.

Menininha que conheço a tão pouco tempo mas dá a sensação se ser uma velha amiga.

Menininha que sente e sofre, que sonha e luta, que ama.

Ah menininha não chores que assim eu choro também!

Não vês que agora meus dias se resumem a esperar nossos encontros? Deixe essa tristeza de lado e venha sempre feliz com aquele sorriso no rosto que ilumina meu coração tal qual um sol de bondade.

Ainda assim se a tristeza insistir em ficar não se acanhe, venha assim mesmo e deixe que eu te ajude a espantá-la com um abraço e cafunés...

XV

O vento sopra pelo campo gramado fazendo com que a grama dê a impressão de ser um enorme mar verde. Tomo a trilha que leva a colina do penhasco, onde o campo se encontra com o mar, o cheiro da maresia e da grama verde pisada se misturam evocando boas lembranças de tempos passados.

Ao longe avisto alguém sentado à sombra do velho salgueiro, meu coração bate mais rápido quando vejo que esse alguém é você, corro cada vez mais rápido fazendo a distância sumir num piscar de olhos.

Lá encontro você adormecida com um livro no colo, linda visão. Me aproximo gentilmente para não te acordar e me ponho a observar o ventro brincar com seus cabelos. Como se sentisse minha presença ali você acorda e sorri.

Não dizemos nada, palavras não são necessárias aqui, o que precisarmos dizer um ao outro, diremos com o olhar. Me sento ao seu lado e você apoia sua cabeça em meu ombro fazendo o cheiro de seu cabelo invadir minhas narinas, rosas, eles sempre cheiram a rosas.

O tempo não passa enquanto estamos juntos nesse sonho, lado a lado, conversando em silêncio, felizes o bastante para que eu não pense na hora de acordar e descobrir que você está longe, a felicidade aqui é grande demais para isso.

Logo você se levanta e corre, fugindo de mim com um sorriso nos lábios, seus olhos dizem: "Pega-me se puder"; E enquanto corro atrás de você pelo campo gramado desperto mais uma vez em minha cama com o coração ainda cheio da felicidade do sonho.

XIV

Perdi e encontrei a mim mesmo mais de uma vez, na verdade tantas vezes que hoje já não sei se estou aqui ou se ainda estou perdido.

Minha presença deixa pequenas marcas ao meu redor, isso é bom me faz sentir vivo.

Estou feliz com as mudanças, mas ainda sinto a ausência, as coisas ainda não se acertaram completamente.

Apesar da felicidade minhas palavras se mostram tristes, tristes... Por quê?

Vai ver felicidade é assim, não se escreve, não se explica, não se ensina, não se aprende, se sente.

XIII

Olho pela janela e vejo uma nova paisagem, onde as estrelas são mais difíceis de se ver.

Mudança, renovação. Me mudei, mas não consigo chamar a nova casa de lar e difícilmente conseguirei dizer isso um dia.

Lar é onde está o coração, e o meu está longe, longe... Não exatamente um lugar, mais precisamente uma pessoa, é ao lado dessa pessoa que me sinto a vontade, e ao lado dela fica meu lugar, meu lar.

Mesmo estamos fisicamente separados não quer dizer que estejamos longe, da minha janela ainda consigo ver a lua, a mesma lua que ela também vê pela janela. Assim estamos juntos, mesmo que separados, no coração e memória um do outro, mesmo que sob um luar compartilhado à distância...

Que essa essa postagem de número 13, número sempre auspicioso, traga mais brilho aos sonhos e força para realizá-los.