Frágeis Flores

Não chorou; sua alma era das que não têm lágrimas, enquanto lhe restam forças.

Interlúdio I

Bem, como minha inspiração anda meio baixa, vou postar um conto que escrevi há algum tempo baseado nas Crônicas Vampirescas de Anne Rice:

Perdição


Eu sou um vampiro.

Você provavelmente já deve ter ouvido algumas histórias sobre vampiros, não?
Esqueça. Nada de me transformar em morcego ou temer coisas sagradas. Sim, um vampiro nos moldes de Lestat, o eterno príncipe moleque. Mas algo tem que ficar claro antes que eu comece minha história:

Não sou como Lestat.

Odeio me expor, e já se passaram mais de duzentos anos entre os encontros com um de minha espécie. Não uso roupas espalhafatosas, cheias de babados, com muito brilho ou veludo. Odeio veludo. Odeio o modo como alguns de minha espécie andam por aí se sentindo a mais perfeita forma de “vida” da Terra. Odeio como eles escrevem seus livros, com todas aquelas histórias cheias de riquezas e paixões.

Não encaro o Dom das Trevas (a única coisa deles da qual gostei, a expressão “Dom das Trevas”) como uma maldição... Tão pouco como uma benção. É algo com o qual me acostumei, nem bom nem ruim.

Já disse que odeio as crônicas? Sim, já... E mesmo assim estou aqui escrevendo minha própria história. Você deve estar se perguntando o porquê, a resposta... Nem mesmo eu sei.

Empolguei-me tanto falando do que odeio que acabei esquecendo de me apresentar. Perdão, prometo corrigir essa falta em breve, mas primeiro devo avisar a você leitor que essa não será uma história em nada parecida com as deles. Então se você estiver esperando algo nesse sentido, é melhor parar por aqui. Sério, dê o fora agora ou depois não venha me culpar pelo seu tempo perdido... Ainda aqui? Então vejo que é hora de começar...

Meu nome é Victor e eu sou um vampiro.

Um vampiro como Lestat, mas ao mesmo tempo totalmente diferente. Já disse isso não? É que quero deixar bem clara essa parte. Prometo que essa foi a última vez.

Se nos encontrarmos na rua, provavelmente não verá nada de estranho em mim, talvez você só veja um rapaz de uns vinte anos, com cabelos negros como carvão e a pele um pouco pálida demais. Deve ainda pensar ser mais um daqueles drogados que inundam as ruas hoje em dia. Não sou extremamente belo, tampouco sou uma criação de Boticcelli que ganhou vida, apenas um rapaz com olhos castanhos e uma eterna barba por fazer. Nada que vá chamar muita atenção em qualquer lugar do mundo.

Não vim aqui contar como fui transformado, ou minhas (des) aventuras no meio de minha espécie. Esta história é sobre mim, isso é um fato inegável, mas ela não me pertence. Ela pertence a uma jovem mortal que como milhares de outras leram as crônicas e sonham com o dia em que algum de nós - Lestat, Armand ou até mesmo Louis - entrará pela sua janela oferecendo o Dom das Trevas em meio a promessas de amor através da eternidade. É essa mortal que me levou a escrever... Mas estou me adiantando, vamos pelo começo, só um pouco mais de paciência e logo você a conhecerá.

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