Frágeis Flores

Não chorou; sua alma era das que não têm lágrimas, enquanto lhe restam forças.

XXXI - Fragmentos

Com as luzes apagadas o circo era um lugar assustador, totalmente silencioso se não fosse pela música de um realejo que não parava de tocar como se estivesse convidando os mortos para o espetáculo da meia-noite. “Venham todos, o grande circo fantasma está para começar!” disse o mestre de cerimônias em suas roupas rotas sujas de terra. Quase não havia mais carne naquele rosto praticamente decomposto, ainda assim a figura esquelética continuava a anunciar o show com seu eterno sorriso sem lábios, o show dos mortos.
...

Ela não conseguia esconder as lágrimas que insistiam em aparecer sempre que o bardo tocava aquela música no seu velho bandolim. A música não era triste, longe disso, era alegre e a fazia se lembrar os velhos tempos com seus pais na casa do campo. Vai ver essa era a razão das lágrimas, aquela saudade triste de tempos alegres que não voltam, mas que esquentam o coração sempre que nos lembramos deles.
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Ssshh... Você consegue ouvir? É a Loucura sussurrando a nossa volta. Com sua voz doce ela sussurra mansamente ao nosso redor e logo estamos impregnados Dela. Preenchendo aquele vazio dentro de nós Ela vem, velha Loucura que não pede motivos ou dá explicações. Venha, dance conosco ao som do silêncio, se entregue sem reservas a essa dança de loucos!

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