Frágeis Flores

Não chorou; sua alma era das que não têm lágrimas, enquanto lhe restam forças.

Irmãzinha

Eu ainda me lembro da primeira vez que eu a vi, meu pai havia ido buscar minha mãe no hospital, enquanto eu e meus outros dois irmãos ficamos ansiosos em casa, com vários papéis-de-carta bonitinhos e cheios de mensagens carinhosas para nossa nova irmãzinha.

Então eles chegaram, meu pai todo feliz dizendo: "Venham conhecer sua irmãzinha!", minha mãe fisicamente esgotada, mas com uma cara que denotava grande felicidade.

Fiquei sentado no sofá enquanto meus irmãos rodeavam minha mãe tentando atrair a atenção daquela pessoa minúscula, escondida atrás de várias camadas de cobertinhas, todas bordadas.
A me ver apenas sentado ali sem esboçar qualquer outra reação, meu pai perguntou: "Não quer conhecer a Ledinha, Ciro?", mas não, eu não queria, tampouco tinha coragem para dizer que não.
A idéia de ter mais um irmão com o qual dividir a já escassa atenção da minha mãe não agradava. Relutante me levantei e fui até minha mãe, agora sentada no sofá com o pequeno embrulho no colo.

Quando cheguei e vi aquela coisinha rosada e com cara de joelho, não pude deixar de pensar: "Como eles podem estar tão felizes? Ela nem consegue abrir os olhos!", mas quando ela segurou meu dedo com suas mãozinhas pequenas e delicadas, não pude deixar de me apaixonar perdidamente.

E apesar dos altos e baixos da nossa relação até hoje, não consigo deixar de esquecer do firme aperto que recebi no meu dedo aquele dia, um aperto cheio de confiança e amor.

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